Os leitores e convidados também tem vez no blog da RedCom! Anna Vitória Rocha é a primeira, tem 18 anos, cursa jornalismo na Universidade Federal de Uberlândia, e resenhou seu filme preferido: Quase Famosos.
On the cover of Rolling Stone
Que me perdoem o uso do clichê, mas não existe frase melhor do que a já muito repetida "Cuidado que o que você sonha pode acabar se tornando realidade" para definir o filme Quase Famosos.
Fosse eu William Miller, o personagem
principal, ou Cameron Crowe, diretor que fez o filme para contar sua história,
pensaria exatamente nesse dito de avó ao me ver ocupando um banco do ônibus
decrépito e cheio de histórias que levou a banda Still Water em sua turnê pelos
Estados Unidos, tendo nas costas a missão de cobrir a aventura. Para a Rolling
Stone.
Nos anos 70, quando ainda não havia Youtube,
Facebook, blogs, Twitter, etc, você não era alguém no mundo do showbusiness até
sair na Rolling Stone. E eis que no intervalo entre umas ligações de telefone,
William Miller - 15 anos, uma mãe superprotetora, uma coleção de discos de rock
herdados da irmã rebelde - passa de aspirante a crítico musical do jornal da
escola a jornalista freelancer contratado pela Rolling Stone.
As coisas fugiram do controle. Óbvio. Todo o
espírito de uma geração se descortinou diante dos olhos de William: sexo,
drogas e rock'n'roll. De repente ele se viu mais envolvido com aquele mundo do
que deveria, e sem conseguir escrever uma só linha objetiva a respeito. Ele era
maduro o suficiente para saber que deveria ser profissional - e caso não
soubesse, seu editor estava ao alcance do telefone público mais próximo para
lembrá-lo -, mas ao mesmo tempo, apesar de prodígio, William era apenas um
garoto de 15 anos apaixonado por música, vivendo o sonho da sua vida, camarada
dos rock stars que admirava e apaixonado pela garota mais bonita da caravana de
groupies, sonhando em fugir com ela para o Marrocos. Cuidado com seus sonhos.
A banda Still Water deveria ter cuidado também,
uma vez que as coisas começaram a acontecer para eles no intervalo de um piscar
de olhos. O ônus do sucesso tão almejado - compromissos, horários, regras,
briga de egos - parecia não ter sido levado em conta nos sonhos de fama e
glamour daqueles também garotos que só queriam se divertir e fazer
música.
Cuidado com seus sonhos. É isso que Cameron Crowe
parece querer dizer com seu filme, e ele conta com a vantagem de ter estado dos
dois lados da história para mostrar que, de perto, realidade alguma é tão
fantástica quanto se mostram nos sonhos. Nem por isso, no entanto, ele deixou
de fazer um filme sedutor, divertido e lindo. Sua essência de pés fincados no
chão não impede que qualquer apaixonado por música, jornalista ou não, sonhe em
viver aquele aventura - como não querer cantar Tiny Dancer a plenos pulmões,
vento nos cabelos e uma estrada (vida?) toda pela frente? - ou, no mínimo, em
fazer um filme tão encantador quanto.