E cá estamos em nossa segunda edição sobre resenhas de filmes. Nesta, vamos conhecer um pouco sobre o filme preferido da blogueira e professora assistente de português para estrangeiros na Utha State University, Marcela Lopes.
O Homem do Futuro
Lembram do filme De volta para o Futuro de Robert
Zemeckis? Pois bem, o diretor Cláudio Torres fez uma adaptação nos mesmos
moldes do filme estrelado por Michael J. Fox, com o único diferencial de que no filme nacional o amor é o principal
responsável das loucas viagens ao tempo que o personagem de Wagner Moura encena
na telinha.
Na trama, Zero (Wagner Moura) é um professor de física
frustrado e um cientista maluco que chefia um projeto bastante ousado, que por
acidente acaba se transformando numa máquina do tempo. Assim, ele volta ao mês
de novembro de 1991, numa fatídica festa da universidade, onde ele tem a chance
de mudar o passado e se vingar de todos aqueles que ele acredita serem a causa
de sua humilhação em público e, dessa forma, alterar a realidade ficando com a
mulher da sua vida Helena (Alinne Morais). O filme tem várias situações
divertidas, especialmente quando vemos a mesma pessoa três vezes no mesmo
lugar. As participações de Maria Luísa Mendonça e Fernando Ceylão, como amigos
de Zero, são hilárias e ajudam a movimentar a história.
A trilha sonora é um caso à parte e talvez seja proposital o
diretor ter colocado a música Tempo
Perdido, de Legião Urbana, para embalar não só a história de amor do casal,
como também a situação política em que o país se encontrava na época em que
Zero volta ao tempo. A cena dos dois protagonistas dividindo os vocais dessa
música numa festa da universidade é de causar arrepios até mesmo naqueles que
não curtem muito o gênero de comédia romântica. É impossível não cantar junto,
é impossível não se contagiar com a alegria dos dois no palco e é impossível
não imaginar uma única garota que não mataria para ser a Alinne Morais naquele
único e perfeito momentinho.
A relação de amor entre Zero e Helena talvez seja parte da
velha fórmula nerd se apaixona por garota gostosa, mas sejamos sinceros:
Não dá para cansar desse cliché. O diretor Cláudio Torres soube buscar
direitinho todas as cenas suspirantes entre o casal, incluindo a primeira vez
que Zero vê Helena e a primeira vez que os dois fazem amor. Muitos dirão que o
filme é mais comédia do que romance, mas penso exatamente o contrário. Quantas
pessoas que você conhece mudariam tudo no passado só pra ficar com a pessoa
amada? A maioria faria de tudo para ficar ganhar na MegaSena, ficar rico e
vomitar dinheiro na cara da sociedade, mas quantos, realmente, seriam capazes
de voltar para lutar pela pessoa que amam? Talvez por isso, a música do Legião
Urbana tenha mais sentido do que parece por que perdemos tanto tempo com
supérfluos que acabamos esquecendo o que realmente importa, sempre temos a
idéia de que temos todo o tempo do mundo, mas na verdade não percebemos o tempo
passar, não percebemos quem entra e quem sai da nossa vida, não vemos os amores
indo e não voltando. E é aí que mora a crítica do filme. No resgate da pessoa
amada, nas demonstrações de amor que parecem ilógicas, como na parte que Zero
pede a Helena que deixe o futuro se cumprir da forma que deve ser. Sem
interferências. Por que só então ele percebe que o que nos faz sofrer nos
machuca, mas também nos faz muito mais fortes. Faz com que seja possível
enfrentar os problemas e encarar a vida de cabeça erguida. Helena também cumpre
seu papel quando aceita que tudo deve seguir seu rumo e mais ainda, quando se
mostra pronta para esperar o homem de sua vida em 10, 20, 30 anos ou o tempo
que for.
O grande objetivo de O Homem do Futuro não é somente entreter
e fazer rir (e como faz rir!), mas também mostrar que, às vezes, deixar os
ciclos da vida se completarem é a melhor solução. Essa história, inclusive me
remeteu a outro filme que lida com essas interferências no passado. Mais alguém
aí se lembra de Efeito Borboleta? (O primeiro filme por que a continuação nem é
digna de comentários). Efeito Borboleta é o filme mais romântico do mundo pra
mim justamente pelos motivos que já citei acima. Embora haja quem discorde.
O Homem do Futuro pode até não ser o melhor filme do ano de
2011, pode até não ser o melhor filme do ator Wagner Moura (apesar de que se
Wagner Moura interpretar a xeeta no cinema, eu ainda vou achar lindo), mas com
certeza é um filminho leve, descompromissado, que mostra o que quer mostrar,
mas sem querer provar nada pra ninguém. É o tipo que deixa a porta aberta e
você entra se quiser se não quiser pode ficar só aproveitando a paisagem ou a
linda da Alinne Morais naquele vestidinho sexy. É o tipo de filme pra assistir
agarradinho com quem você ama, é o tipo de filme pra assistir debaixo do
edredom e um monte de pipoca ao lado.
Aos que ainda torcem o nariz para o cinema
nacional, só posso dizer que vocês estão deixando de ver um filme bem legal por
pura implicância. Vão lá, assistam! Se não for pela Alinne Moraes e pelo Wagner
Moura, que seja pelo menos pela trilha sonora, por que afinal, nunca é tarde
para sorrir e cantar Tempo Perdido.